Em Sessão da Câmara Municipal, o Vereador Caio Cunha (PV) defendeu a liminar que permitiu no país as terapias de reorientação/reversão sexual, conhecidas popularmente como "Cura Gay". Você pode assistir, clicando aqui.
Após a repercussão na internet, do vídeo que mostra o seu discurso, vários grupos, entre associações, sindicatos, partidos, coletivos feministas, da arte, acadêmica e de psicologia, assinaram uma Nota de Agravo para repudiar as declarações. A sessão foi transmitida pela TV Câmara para toda a cidade.
O PV Diversidade, núcleo LGBT do Partido Verde, além de assinar a nota, e se manifestar em suas redes sociais, também encaminhou o caso ao Diretório Estadual do partido para, segundo o núcleo, tomar as devidas providências.
- Leia a seguir a íntegra da Nota:
NOTA DE AGRAVO
Nós, abaixo subscritos, vimos pela
presente nota, manifestar repúdio às declarações do Vereador Caio Cunha, do
Partido Verde, defendendo a liminar que permitiu as fraudulentas terapias de
reorientação sexual, conhecidas popularmente como "Cura Gay" (Assista:
https://youtu.be/mABP28mw6E0).
Na Sessão Ordinária, da Câmara
Municipal, no dia 20 de Setembro de 2017, o Vereador Caio Cunha (PV),
aparteando o discurso do Vereador Iduigues Martins (PT) que estava
manifestando-se contra a referida liminar e defendendo o entendimento
consolidado cientificamente de que homossexualidade não é doença, contraditou-o
afirmando que a liminar não tinha nada relacionado a "Cura Gay", e
que a repercussão que existe foi promovido pela imprensa, e defendeu o direito
de homossexuais procurarem ajuda psicológica, como se fosse proibido, antes da
decisão do Juiz.
Diante do que foi dito pelo
Vereador, que demonstra falta de conhecimento e sensibilidade com a causa LGBT,
e que acaba contribuindo para a disseminação de preconceitos e estigmas contra
a homossexualidade, queremos repudiar tal posição e respondê-la, nos seguintes
termos:
1) A Resolução Nº 01/1999 do
Conselho Federal de Psicologia foi aprovada anos após a despatologização da
homossexualidade pela Organização Mundial de Saúde, a qual, desde a
Classificação Internacional de Doenças (CID) n.º 10, de 1990, afirma que “a
orientação sexual por si não deve ser vista como um transtorno”. O intuito da
Resolução, desde sempre, foi proibir psicólogos de patologizarem orientações
sexuais diferentes da heterossexualidade, oferecer esse tipo de tratamento é
charlatanismo. Apesar do atraso da OMS, a homossexualidade não é transtorno
desde 1973, que deixou de ser considerada uma doença pela Associação Americana
de Psiquiatria e foi excluída do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais), depois do estudo "Reparative Therapy of Male
Homosexuality: A New Clinical Approach" (Terapia Reparativa em Homens
Homossexuais, em livre tradução) de Joseph Nicolosi, psicólogo clínico
norte-americano, esses estudos mostraram que a homossexualidade não passava de
uma variação de um comportamento comum entre os seres humanos.
2) O termo "Cura Gay"
foi popularmente cunhado pelos movimentos sociais em 2011, para referir-se ao
Projeto de Decreto Legislativo nº 234, que tinha como objetivo suspender a
Resolução 01/99, do Conselho Federal de Psicologia, resolução que estabelece
normas de atuação para os psicólogos em relação à questão da Orientação Sexual.
O projeto, que foi retirado pelo autor, caso fosse aprovado possibilitaria a
profissionais da psicologia, com base em dogmas religiosos, ofertar terapias de
"reorientação sexual", tratando a homossexualidade como doença.
Inclusive, o padrinho político do Vereador, Dep. Federal Pastor Roberto de
Lucena (PV), foi relator deste projeto, manifestando-se favoravelmente a
aprovação.
3) A liminar do Juiz Waldemar
Cláudio de Carvalho, abre brecha para que psicólogos ofereçam tratamento de
cura gay. Apesar de o Juiz afirmar a validade da Resolução 01/99, ele
determinou, no último paragrafo da liminar, que o CFP a interprete de forma a
não proibir “terapias” (sic) que visem a “reorientação sexual”. Em suas
palavras, impôs ao CFP que não interprete a Resolução 01/1999 “de modo a
impedir os psicólogos de promoverem estudos ou atendimento de (re)orientação
sexual”. Ainda que não esteja escrito na liminar o termo "Cura Gay",
os atendimentos de reorientação sexual tem justamente esse objetivo.
4) As pessoas homossexuais não
sofrem em razão da sua homossexualidade, sofrem por causa do preconceito e
violência que existe, em volta delas, na sociedade, por não serem
heterossexuais. A Resolução 01/99, nunca proibiu o atendimento destas pessoas,
afinal o que elas precisam é de acolhimento, informação sobre a sua
sexualidade, empoderamento e motivação para superar os preconceitos e a
alcançar a auto aceitação. O que sempre foi proibido e que deve continuar, é a
indução pelo Psicólogo de que o problema é a sexualidade da pessoa, e oferecer
um "tratamento" para que ela seja heterossexual, sem qualquer base
científica, podendo causar mais problemas a saúde mental destas pessoas, como a
depressão.
Por estes termos, pedimos ao
Vereador Caio Cunha (PV), rever a sua posição e retratar-se. Um parlamentar não
deve fomentar o preconceito, a desinformação, ou deturpar o conhecimento
científico sobre o tema, correndo o risco de promover mais discriminações
contra a população LGBT.
Era o que tínhamos para nos manifestar, assinam esta Nota de
Agravo:
Associação Fórum Mogiano LGBT
Associação Cultural Dynamite
Associação Cultural Quântica Laboratório de Arte Contemporânea |
Associação dos Professores de
Filosofia e Filósofos do Estado de SP - APROFFESP Mogi das Cruzes
|
Associação pela Promoção da Cidadania
e Solidariedade - Makauba
|
Central Única dos Trabalhadores - CUT
Mogi das Cruzes
|
Centro Acadêmico Aluísio Domingos
Bucci - Psicologia Mogi
|
Centro de Cidadania LGBT Laura
Vermont Zona Leste
|
Coletivo Capitu
|
Coletivo do Morro
|
Coletivo Impacto Feminista
|
Coletivo LGBT Joaquinense
|
Família Stronger
|
Fórum de Mulheres Filhas da Luta
|
Fórum Paulista de Travestis e
Transexuais
|
IBRAT - Grande ABC Paulista
|
Instituto N de Arte e Cultura
|
Juntos!
|
Juventude Manifesta
|
Liga Acadêmica de Análise do
Comportamento (LAAC) da UMC Mogi das Cruzes
Pastoral da Juventude - Diocese de Mogi das Cruzes |
PSOL de Mogi das Cruzes
|
PT de Poá/SP
|
PV Diversidade - Núcleo LGBT do
Partido Verde
|
Secretaria de Gêneros do Partido dos
Trabalhadores de Mogi das Cruzes
|
Com todo respeito... Esse não era tido como um Vereador cheio das idéias voltadas pra Modernidade...? uma Nova e promissora Liderança Política Local...?
ResponderExcluirpura preguiça pra entender o que o vereador disse ou só vontade de causar msm... ele até já postou uma nota sobre o ocorrido... infelizmente parece q a intolerância é inerente do ser humano, não importa o alvo
ResponderExcluir...o vereador não falou nada se mais. Estão caçando assunto por ele ser candidato a prefeito. Triste essa velha política.
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